domingo, 22 de maio de 2011

I Ciclo de Conferências: Debate Eleitoral com Jovens Líderes Político-Partidários - Legislativas 2011



A convite da Associação de Estudantes da FCUP, o GFGFC irá fazer uma breve actuação na abertura deste ciclo de conferências na próxima 3ª feira, dia 24 de Maio, pelas 21:15h!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O que se entende por Serenata-Concerto de Coimbra?

  
   Várias são as definições para Serenata. Numa pequena publicação de José Bento da Silva, intitulado Dicionário de Italianismos Musicais, editado em Braga, em 1998, onde o autor reuniu os termos italianos ligados à música que se encontram dicionarizados pelos principais lexicógrafos da língua portuguesa – e para o qual consultou 14 dicionários portugueses, de 1712 a 1990, e 15 dicionários estrangeiros, de 1967 a 1995, – Serenata surge com nove definições.

   Nem todas referindo-se à mais comum definição de «música que de noite os galantes fazem na porta de suas damas» (a definição mais antiga, datada de 1727), mas, referindo, também, que Serenata é um «concerto vocal ou instrumental», «música de conjunto instrumental, geralmente cantada», «música que deve ser melodiosa e simples», etc.

   No entanto, Tomás Borba e Lopes-Graça, no Dicionário de Música do qual são autores, datado de 1956, têm para Serenata uma definição que apraz registar. Definem-na como «designação genérica de várias modalidades de música instrumental ou vocal, em princípio destinada a ser executada ou cantada ao ar livre, ao anoitecer». E este “em princípio” é aqui muito importante. Porque não define um exclusivo. Ou seja: a Serenata pode não seguir o princípio de se realizar «ao ar livre», e ser executada em ambiente fechado, que não deixa de ser uma Serenata; assim como pode não ser realizada à noite ou ao anoitecer, que também não deixa de ser uma Serenata. Dependerá sempre de alguma ritualização subjacente que se queira preservar, redefinindo-a e actualizando-a. É aquilo a que o sociólogo Carlos Fortuna designa por destradicionalização. Ou seja: depurar o ritual até lhe imprimir uma nova dinâmica mais de acordo com o tempo que se vive. De muitas daquelas nove definições, uma certeza temos: é que a Serenata não é, única e exclusivamente, um ritual de cortejamento. Ela não se esgota debaixo da janela de uma rapariga. E aqui em Coimbra, tanto o povo como os estudantes, sempre tiveram por hábito cantar serenatas que não tinham apenas como intenção última o cortejar uma mulher: a Serenata da Queima das Fitas, as serenatas fluviais no Mondego, as serenatas tipo estudantinas pelas ruas da cidade, as serenatas de Verão das noites da Canção de Coimbra, etc. Assim, pensar-se que falar de Serenata em Coimbra é falar de serenatas ao luar debaixo da janela de uma donzela, e reduzir a Canção de Coimbra à prática serenil de cortejamento é ter do conceito de Serenata uma visão muito pobre e pensar que os seus cultores são todos uns nostálgicos medievos. Tudo evolui, e a inteligência de quem cultiva esta Canção está na capacidade de redefinir conceitos e de adaptar práticas ritualísticas aos tempos de hoje, de maneira a preservar manifestações tradicionais que não colidam com a vivência do século XXI, contribuindo-se assim, para a diversidade cultural preconizada e defendida pela UNESCO.

   Numa altura em que a Canção de Coimbra vive um ciclo de experimentalismos vários, é tempo de repensar a Serenata de Coimbra e retomá-la numa nova e diferente abordagem: a que de um Concerto se trata. Entendendo nós a definição de concerto com base na «ideia de contraste e de confronto que está presente na etimologia da palavra». O que se pretende, pois, é confrontar uma prática muitas vezes abusiva, uma moda e mania, de tudo se aplaudir a qualquer momento (por vezes completamente longe do fim da interpretação, e outras vezes, sem se deixar respirar o silêncio que emana do final de uma música), com a perspectiva de uma Serenata de Coimbra como uma «composição de dimensão considerável», em que cada tema interpretado deverá ser visto como um andamento de uma peça sinfónica (e todos nós sabemos que entre os andamentos de uma sinfonia não há aplausos, por muito que o público queira aplaudir). Assim, a Serenata-Concerto deverá ser executada sem que o público se manifeste entre cada tema interpretado, podendo, se assim o entender, manifestar-se no final da execução da Serenata como um todo. Aos intérpretes, restará também o silêncio, fazendo apenas, se assim o entenderem, a apresentação dos temas, um a um, dois a dois ou três a três, sem mais delongas. Será pouco? Será ambiente de casa funerária? Não me parece. Saber ser diferente, nos tempos que correm, é saber fugir ao “política e culturalmente correcto”. O que exige coragem. Para além do mais, hoje em dia, ser-se moderno é também ser-se tradicionalista. Numa dialéctica salutar. Porque não se pode ser moderno onde não exista tradição Para colmatar a ausência de uma comunicação quase permanente com o público, a apresentação de uma brochurazinha com a indicação do nome dos intérpretes, o programa que se vai interpretar, com o título e autorias dos temas, e um texto explicativo para o momento é algo premente e que muito mais perdurará no tempo do que explicações sem nexo e muitas vezes descontextualizadas do espectáculo em questão.

   Assim, como Serenata-Concerto de Coimbra, teremos:

- música para concerto instrumental, ou seja, uma Serenata-Concerto de Guitarra de Coimbra, o chamado “Concerto para Guitarra”, com as designadas “variações ou guitarradas de Coimbra”;

- música para concerto cantado e tocado, e teremos aqui a expressão musical mais simples de Serenata-Concerto, com
guitarra-viola-voz ou o recurso a pequena Orquestra de Cordas e Voz;

- um canto nocturno ao ar livre, popular ou erudito, como expressão de uma Serenata-Concerto num cantar livre em
qualquer ponto da cidade, pelo simples prazer estético-musical do próprio Canto, a solo ou em coro, numa das poucas
cidades onde deveria ser permitido e defendido por lei, cantar pelas suas ruas, de noite ou de dia.

  Quanta à ausência de palmas entre os temas: só se sentirá verdadeiramente defraudado quem se julgar um grande artista e credor de palmas a todo o momento para assim sentir inchar o ego. A qualidade de um artista, seja um pintor, um escultor ou um músico, vê-se pelo reconhecimento do seu trabalho. Como? Levando o público, pela qualidade do trabalho visto ou escutado, a adquiri-lo. As palmas são sempre efémeras. O produto da sua criação, não.

  Quero com tudo isto dizer que este ciclo experimental de Serenatas-Concerto de Canção de Coimbra – e porque estamos na casa/sede de uma Orquestra – deverá aproximar-se, o mais possível, do ritual próprio de um concerto de música clássica e, como tal, peço-vos que experimentem deixar respirar a música, experimentem sentir o silêncio entre os temas – que também é música – e só aplaudam a Serenata, no fim, se entenderem que os intérpretes têm direito ao vosso aplauso e carinho. Esta será também uma maneira de se acabarem com as inestéticas tossidelas, grunhidos e roncos que, desde 1978/79, as pessoas pensam ser uma forma de aplauso entre os temas, na Canção de Coimbra, e que mais não passa de ruído impróprio de seres racionais e próprio de pitecantropos. Sejamos, pois, pedagógicos para sermos diferentes.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

II Noite de Fados de Ciências



Depois de sucessivos adiamentos, informamos que a II Noite de Fados de Ciências se irá realizar amanhã, dia 12 de Maio de 2011 às 21:30h, nas instalações do Grupo Musical de Miragaia. A edição deste ano contará com a presença, para além dos suspeitos do costume, do Grupo de Fados da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e do Grupo de Fados de Direito da Universidade do Porto. Apareçam...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

VI Scientiphicvs



O Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências vai participar no VI Scientiphicvs - Festival de Tunas de Ciências, no dia 14 de Abril a partir das 21h no Teatro Sá da Bandeira. A não perder...

II Monumental Noite de Fados da FDUP



O Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências vai participar na II Monumental Noite de Fados da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, a ter lugar no seu Salão Nobre, às 22h. A entrada é livre. Apareçam!...

domingo, 3 de abril de 2011

Fado de Despedida de Ciências de 1994

Participação do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências do Porto, primeira formação, no programa "Viva a manhã" da RTP1, no dia 30-03-1995.

Interpretam aqui este fado da Autoria de Rui Leite.
Vozes: Rui Leite, Mário Vieira e Pedro Eira.
Guitarras Portuguesas: Pedro Pinto e Armando Teixeira Pinto.
Violas: José Pedroso e Diogo Magalhães Santana.

Um fado com um nível de excelência bem característico da primeira formação.
Posso dizer que tem um peso enorme para mim e para a terceira formação em especial, dado ter sido o primeiro fado de despedida que aprendemos. E com do qual apenas tínhamos registo de audio.
Fica aqui uma amostra de onde tudo começou. 

                                      

quarta-feira, 30 de março de 2011

Guitarcelo Trio - Maio de 78

Provavelmente uma das melhores versões do Maio de 78, de Jorge Gomes, aqui interpretada por Pedro Pinto(guitarra), Carlos Costa(viola) e Carina Vieira(violoncelo). Quem sabe, sabe...

terça-feira, 29 de março de 2011

Balada de Despedida de Ciências de 1995

Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências do Porto - Primeira Formação.
Fado: "Balada de Despedida de Ciências do Porto - 1995"
Vozes: Mário Vieira, Rui Leite e Pedro Eira.
Guitarras: António Morais, Armando T. Pinto e Pedro Pinto.
Violas: Diogo Santana e José Pedroso.

sábado, 26 de março de 2011

A UNIVERSIDADE DO PORTO E A 1.ª REPÚBLICA*

Armando Luís de Carvalho Homem
   Como é da «sabedoria das nações», a UP é uma criação do Governo Provisório da República, por decorrência do Decreto com força de lei de 22 de Março de 1911. A tutela do Sistema Educativo passava então pelo ministério do Interior – como até 1910 passara pelo ministério da Reino: de facto, o ministério que dos anos 10 aos anos 30 de Novecentos se chamará «da Instrução Pública», com ocasionais antecedentes na segunda metade de Oitocentos, apenas surgirá definitivamente em 1913.     Em 1911 a pasta do Interior era desempenhada por um ícone do novo Regime, António José de Almeida. Por ele passou, com efeito, toda a obra inicial da República em matéria de Ensino Superior: a reforma da UC e a federação das Escolas Superiores de Lisboa e do Porto em duas novas Universidades. Por alguma razão, durante muito tempo se lhe chamou entre nós «o fundador», e de longa data existe na nossa Reitoria um retrato seu, a par do de outro pai-fundador, o então príncipe regente, futuro D. João VI, fundador da Academia Real da Marinha e do Comércio, em 1803.
O prelúdio das reformas fundacionais de António José de Almeida encontrava-se logo em Novembro de 1910, com a transformação das duas Escolas Médico-Cirúrgicas em Faculdades de Medicina, ministrando todos os diplomas e graus da congénere coimbrã; congénere coimbrã, aliás, cuja extinção terá estado iminente, travada «in extremis» pelo prestígio científico e profissional de dois dos seus lentes, o psiquiatra Elísio de Moura e o obstetra Daniel de Matos.
Mas voltando ao Porto: tem sido dito que a criação da Universidade surgiu em 1911 como algo de inesperado, porventura decepcionante, na Cidade e na Região. Nesse mesmo sentido se exprimia, há cerca de meio século, alguém que era ao tempo o último sobrevivente do Corpo Docente das Escolas Superiores do Porto, o lente jubilado de Física da Faculdade de Ciências Alexandre Alberto de Sousa Pinto (1880-1982), que iniciara carreira em 1902 na Academia Politécnica. Falando em Outubro de 1961 na sessão solene do cinquentenário da UP, Sousa Pinto afirmou, a dado passo, o seguinte:

  «Poucos meses decorridos sobre a data da fundação da República, foi o Porto surpreendido, ao ler os jornais da manhã do dia 24 de Março de 1911, com a notícia da publicação dum decreto criando duas novas Universidades, uma em Lisboa, outra no Porto, e anunciando que o Governo publicaria ulteriormente um diploma sobre a Constituição universitária (…). Nenhum movimento de opinião, nenhuma campanha de imprensa, tinham precedido a publicação destes decretos, que foram de iniciativa espontânea do Governo provisório da República».

   Para além, portanto, da surpresa, a decepção relativa: no fundo, a UP surgia sem nenhuma Escola verdadeiramente nova, antes, e no essencial, com transformações das preexistentes: a Academia Politécnica dava lugar à Faculdade de Ciências, com uma Escola de Engenharia incorporada; a Escola Médico-Cirúrgica dava lugar à Faculdade de Medicina, com uma Escola de Farmácia anexa. Ou seja, o esboço, já, do que viriam a ser, por bastas décadas, as quatro Faculdades do Studium Generale portuense, ficando por concretizar a criação de um Instituto Superior de Comércio e com processos acidentados umas vezes, demorados noutras, no que toca a inclusão de domínios científicos diversos, que não os que, no fundo, vinham do século XIX. É evidente que o quadro disciplinar da nova Faculdade de Ciências surgia como significativamente ampliado em relação a tempos anteriores, da Matemática Pura e Aplicada à Física, à Química, à Botânica, à Zoologia, à Antropologia, à Paleontologia, à Geologia; sem esquecer os cursos de Engenharia (em nova Faculdade anos decorridos) e os cursos de preparação para as Escolas Militar e Naval. Mas a diversidade disciplinar dos novos diplomados, obviamente, só se tornaria visível com o passar do tempo, a partir do ano escolar de 1911/12. No fundo, é ainda um pouco essa sensação deceptiva que se percebe noutra passagem da intervenção de Alexandre Sousa Pinto em 1961:

  «Na manhã do dia em que ia ter lugar a inauguração da Universidade [16 de Julho de 1911], publicou o “Comércio do Porto” um artigo em que se manifestava o desejo de que uma Faculdade Técnica e uma Faculdade de Filosofia e Letras viessem a ser criadas, sem esquecer também uma Escola Normal superior, e se dizia que a nova Universidade devia ser considerada apenas como o núcleo duma criação mais vasta, que se esperava viria a realizar-se em breve, afirmando que só assim se poderia contribuir para que a cidade do Porto e o norte do País viessem a bendizer a nova organização».

   De alguma maneira, um primeiro momento de entusiasmo, digamos assim, da Cidade com o novo quadro de Ensino Superior que passava a ter intra-muros, só se dará na mencionada data de 16 de Julho, quando António José de Almeida se desloca ao Porto a fim de presidir ao acto de instalação da Universidade e de designação pela Assembleia da mesma do primeiro Reitor – mediante a elaboração de uma tríplice lista de nomes, não obrigatoriamente pertencentes ao claustro, a apresentar ao Executivo, para ulterior escolha por este último. O nome com maior número de votos (23 em 48) foi o do matemático Francisco Gomes Teixeira, efectivamente nomeado dias depois para o cargo reitoral, que exerceria até 1917. Correntemente considerado nome cimeiro na Matemática portuguesa desse tempo, Gomes Teixeira detinha um percurso académico todo ele feito na Universidade de Coimbra, onde se doutorara em 1875 e chegara a lente em 1880; em 1885, razões familiares haviam determinado o pedido de transferência para a Academia Politécnica, de que viria a ser, e a partir de 1886, o último Director.
  Ora, meses decorridos sobre o momento instituidor de Julho, outro evento minimamente visibilizante ocorreu: foi a 1 de Novembro, com a abertura solene do ano lectivo de 1911/12, sob a presidência do então ministro do Fomento, Sidónio Pais. O novo Studium Generale ia começando a mostrar-se.

   Nos cerca de 15 anos da República, as 4 Faculdades como que prenunciadas em 1911 ganharam efectivamente corpo:

 - em 1915 separa-se de Ciências a então chamada Faculdade Técnica (de Engenharia a partir de finais de 1926);

 - e no mesmo ano a Escola de Farmácia autonomiza-se em relação a Medicina, ganhando estatuto de Faculdade em 1921.

   Paralelamente, as complicadas génese, vivência e morte da primeira Faculdade de Letras, entre 1919 e 1931.

   A UP nasceu então com a República. Ao longo de cerca de década e meia, a UP deu-se bem com a República ?
Em termos de regime, talvez não se tenha dado propriamente mal. Pergunto-me, aliás, se o positivismo alegadamente reinante nas Escolas portuenses, mormente a Politécnica, na viragem do século não seria mesmo potencialmente convergente com o ideário republicano. Porque creio esclarecedor o facto de a já mencionada pasta da Instrução Pública, surgida, como disse, em 1913, ostentar entre os seus titulares, e até 1928, 5 membros do Corpo Docente portuense, e alguns por mais do que uma vez: concretamente, António Joaquim de Sousa Júnior, João Lopes Martins e Alfredo de Magalhães (por duas vezes), de Medicina; Augusto Nobre (por 3 vezes), de Ciências; e Leonardo Coimbra (também por 3 vezes), de Letras; acrescentemos, na pasta das Finanças, Armando Marques Guedes, ao tempo professor da Faculdade Técnica, último titular da mesma em 1925-1926. Ou seja, em ministérios onde só no Estado Novo se estabeleceu praticamente como norma o exercício por mestres universitários, esta repetida presença do Porto em pastas uma das quais criação definitiva da própria República não poderá, quanto a mim, ser vista como casual ou insignificativa.
E em termos de viver quotidiano, de condições materiais e logísticas, de orçamentos e financiamentos, a UP viveu bem nos anos de 1911 a 1926 ? Na conjuntura que hoje vivemos, não deixa de ser com amarga ironia que me julgo em condições de salientar que os nossos remotos antepassados desse tempo viveram problemas nada fáceis, e, às vezes, tão duros como os que hoje obsessivamente nos (pre)ocupam…
Repare-se: a UP arrancou – e conservou durante décadas – com quatro Unidades Orgânicas no fundo já existentes ou prefiguradas antes de 1911. E, para tal, herdou exactamente os mesmos edifícios, isto é, dois:

· O histórico edifício de Carlos Amarante (1748-1815), sede da Politécnica, em prolongada construção ao longo das últimas décadas de Oitocentos e ainda não concluído em 1911; na primeira década de existência da Universidade esta Casa-Mãe albergou Reitoria, Secretaria-Geral e outros Serviços Centrais, a Faculdade de Ciências e a Escola de Engenharia que integrava, as disciplinas preparatórias de Medicina, os cursos de acesso ao Ensino Militar e até, a partir de 1919, os 2 anos iniciais de funcionamento da Faculdade de Letras.

· o outro edifício era o da bem pouco imponente sede da Medicina, construído na segunda metade do século XIX para sede da Escola Médico-Cirúrgica na antiga cerca dos Terceiros Carmelitas; o Actual edifício-sede do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, substituição e ampliação do anterior, só foi construído na década de 20, com finalização ca. 1930; valia entretanto à Faculdade de Medicina que as disciplinas do ciclo clínico eram leccionadas no vizinho Hospital de St.º António.

   Engenharia e Farmácia iriam dispor também de casas próprias, na Rua dos Bragas e na hoje Rua Aníbal Cunha, respectivamente. Só que tais casas passaram por demorados processos de edificação nas décadas de 20 e de 30 e só dadas por concluídas e oficialmente inauguradas em 1937, ainda que Farmácia desde ca. 1925 pudesse utilizar a parte do edifício voltada para a actual igreja paroquial de Cedofeita. Portanto, os espaços da Universidade do Porto foram inicialmente, e durante mais de 20 anos, exactamente os existentes ao tempo da Politécnica e da Médico-Cirúrgica.
E se passarmos a questões como as dos orçamentos e dos financiamentos, é evidente – e com que amargor o lembro no momento em que lhes falo… – que Reitores e Directores de Faculdade passassem não raro por suores frios… Apenas dois exemplos:

· Em 1919, pouco depois de deixar o cargo reitoral, Gomes Teixeira testemunhava em reunião do Senado que em 1911 a Escola de Engenharia – até então integrada na Politécnica e que foi portanto o gérmen da futura Faculdade Técnica – «esteve a cair»; e só a compreensão de António José de Almeida evitara tal desfecho;

· cerca de 10/11 anos mais tarde, razões de suposto prejuízo fizeram pairar sobre a UP a ameaça de extinção das Faculdades de Farmácia (recém-instituída como tal…) e de Letras (que remontava apenas a 1919…); valeu então a persistência e o «savoir faire» do Reitor Augusto Nobre, que por esses anos, e como já se disse, passou por 3 vezes pela pasta da Instrução.

   Ou seja, uma coisa terão sido entre 1911 e o termo da República, um quotidiano de normal funcionamento de actividades, sem nenhuma verdadeira «crise académica»; outra terão sido circunstâncias como as referidas, pouco ou nada chegando ao tempo a conhecimento público, mas duramente enfrentadas pelos líderes da comunidade académica.

   Em 28 de Maio de 1926 o golpe sob aparente liderança militar de Gomes da Costa começa o pôr termo à situação constitucional remontante a 1910/11. Por ironia do destino, as 3 Universidades portuguesas terão no imediato uma última oportunidade (até á década de 1980…) de escolha electiva dos seus Reitores, por decisão do efémero ministro da Instrução Pública do não menos efémero gabinete Cabeçadas, o lente de Filologia Românica da Universidade de Coimbra (e seu antigo Reitor) Joaquim Mendes dos Remédios. A Reitoria portuense passará a ter, e até 1928, a presença de um republicano conservador e antigo ministro da Instrução de Sidónio Pais, o Doutor José Alfredo Mendes de Magalhães, da Faculdade de Medicina. E o ano de 1926 não chegará ao seu fim sem que, justamente em Dezembro, a Faculdade Técnica passe a ostentar o nome que ainda hoje é o seu: «de Engenharia». Mas o Reitor Alfredo de Magalhães fora entretanto, e de novo, chamado à pasta da Instrução, onde permanecerá até Abril de 1928, sendo portanto um dos seus últimos actos como tal a assinatura do decreto extinguindo (ou pretendendo extinguir) diversos estabelecimentos de Ensino Superior, entre os quais, irreversivelmente, a Faculdade de Letras da UP. Não me demoro hoje neste ponto mais do que o estritamente indispensável. Longe de qualquer visão ‘sacralizante’ da Escola, direi apenas que tudo o que lhe concerne tem sido essencialmente tratado por um prisma político-partidário e até ideológico, com as naturais paixões decorrentes; e que lhe faltam abordagens estritamente académicas e culturais. Também não deixarei de dizer que em finais da década, ainda não consumado o encerramento da Faculdade, um Reitor de campo conservador e monárquico, o já mencionado físico Alexandre de Sousa Pinto, luta evitar tal desfecho, e que um Mestre republicano da Escola, Hernâni Cidade, concretamente, reconhece, sensibilizado, tal sentido de actuação reitoral.

   As 4 Faculdades que até à década de 50 corporizaram a UP dispunham, já em 1925, de um Corpo Docente de valor inequívoco, não raro reconhecido além-fronteiras:

· Pensemos, em Ciências, nos matemáticos Gomes Teixeira e Luiz Woodhouse, no químico José Pereira Salgado, nos botânicos Gonçalo Sampaio e Américo Pires de Lima, no antropólogo Mendes Corrêa e no zoólogo Augusto Nobre, a eles se agregando diversos assistentes a iniciar carreira mas com futuro inequívoco: Scipião de Carvalho e Rodrigo Sarmento de Beires em Matemática e Santos Júnior em Antropologia;

· pensemos, em Medicina, nos anatomistas Joaquim Pires de Lima e Hernâni Monteiro, no histologista Abel Salazar, no fisiologista Alberto de Aguiar, no clínico Tiago de Almeida, no cirurgião Álvaro Teixeira Bastos e no psiquiatra Magalhães Lemos, acrescidos dos jovens Amândio Joaquim Tavares (Anatomia Patológica), Alfredo Rocha Pereira (Clínica Médica) e Manuel Cerqueira Gomes (Idem);

· pensemos, em Farmácia, na figura tutelar do Director Aníbal Cunha e nos assistentes Aníbal Albuquerque e Armando Laroze Rocha;

· consideremos, finalmente, a Faculdade Técnica, Escola ao tempo com uma interessante componente de Mestres que eram também militares de carreira, como o general Vitorino Laranjeira (Construções Civis) e o tenente-coronel João Ascensão (Minas). Acrescentemos os nomes de Luís Couto dos Santos (Electrotecnia) e Bento Carqueja (Economia Social), bem como o então assistente António Bonfim Barreiros (Construções Civis).

   Para além de valias científicas, a UP configurara-se espacialmente em pleno tecido urbano, a partir de 2 edifícios cobrindo uma área relativamente restrita do mesmo: «dos Clérigos ao Carregal», como tive oportunidade de me exprimir há quase 20 anos. Vizinhando com quarteirões habitados, a interacção entre docentes e discentes e a população proximamente residente fôra, naturalmente rápida, e remontante a Oitocentos: as zonas habitadas do Jardim da Cordoaria, da Rua de Cedofeita ou do Jardim do Carregal, por exemplo, cedo veriam surgir hospedarias, pensões, cafés ou restaurantes populares de frequência estudantil. As expansões em matéria de edifícios nas décadas de 20 e de 30 prosseguiriam o espaço matricial pelos eixos de Cedofeita (até à R. dos Bragas – sede da Faculdade de Engenharia) e das Ruas do Rosário / Boa Hora, até às imediações da igreja românica de Cedofeita – sede da Faculdade de Farmácia. Só a partir dos anos 50, com o Estádio Universitário, o Jardim Botânico e o Hospital de S. João, se esboçariam expansões claramente para além do perímetro mencionado.

  Hoje, a UP, no quadro dos 3 pólos configurados a partir de há cerca de 55 anos, tem-se repetidamente reclamado como «a maior do País», de um ponto de vista da quantidade de docentes, investigadores, funcionários, discentes, Unidades Orgânicas, Unidades e Projectos de Investigação and so on… Mas independentemente de tudo isso, a UP, encarada numa já possível longa duração, tem-se revelado, e independentemente das sucessivas situações políticas, uma das mais estáveis instituições de Ensino Superior do nosso País. Será isso compreensível sem um ter em conta dos 15 heróicos anos iniciais, vividos no quadro da Constituição e dos actos legais fundadores de 1911 ?

* Intervenção de abertura no workshop sobre o República e Republicanismo em Portugal e no Brasil (FL/UP, 2010/05/21).

sexta-feira, 25 de março de 2011

Centenário da Universidade do Porto 1911/03/22 – 2011/03/22

Edifício projectado por Carlos Amarante (1748-1815), sede, sucessivamente, da Academia Politécnica do Porto, da Reitoria / UP e das Faculdades de Ciências, de Engenharia, de Letras e de Economia, para além do Instituto Industrial do Porto;
desde 2006, sede da Reitoria, do Arquivo e de diversos museus.
Em 1º plano, a fonte dos Grifos (conhecida como “dos Leões”).
O largo fronteiro tem a designação oficial de Praça Gomes Teixeira.
Fonte: jpn.icicom.up.pt (consultado em 2011/03/15)
De novo a “Fonte dos Grifos”.
Fonte: tampf.blogs.sapo.pt (consultado em 2011/03/15)

Hospital de St.o António, projecto do inglês John Carr (1723-1807).
Aqui se iniciou o ensino do ciclo clínico da Escola Médico-Cirúrgica do Porto.
Fonte: arkitectos.blogspot.com (consultado em 2011/03/15)
Faculdade de Farmácia / UP, à rua Aníbal Cunha
(imagens de 1927- com o edifício ainda em construção - e da actualidade)
Fontes: aeffup.com e jpn.icicom.up.pt (consultados em 2011/03/15)
Edifício que foi sede da Faculdade de Medicina (c. 1930-1959).
Ulteriormente sede das Faculdades de Ciências (Grupo de Química), de Letras e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, patrono que deu o nome ao largo fronteiro. Por aqui passaram também as sedes do Orfeão Universitário do Porto, do Teatro Universitário do Porto, do Coral de Letras de UP e do Instituto Superior de Educação Física, actual Faculdade de Desporto (FADE/UP)
Fonte: icbas.up.pt (consultado em 2011/03/15)
Edifício que foi sede da Faculdade de Engenharia (1937-2001), à rua dos Bragas.
Actual sede da Faculdade de Direito (2004 ss.)
Fonte: ligo.pt (consultado em 2011/03/15)
António José de Almeida
(1866-1929)
Ministro do Interior do Governo Provisório da República (1910-1911) e, como tal,
responsável pela legislação de 1911/03/22 que criou (ou, no segundo caso, recriou)
a UP e a UL. Fundador e líder do Partido Evolucionista, foi Presidente do Ministério
(1916-1917) e Presidente da República (1919-1923)
Fonte: leme.pt (consultado em 2011/03/15)

Francisco Gomes Teixeira
(1851-1933)
Retrato de Abel Moura, UP, Reitoria
Matemático insigne, doutor pela UC (1875), onde chegou a lente (1881), a partir de 1883 ensinou na Academia Politécnica do Porto, Escola de que foi o último Director (<>
(1911-1917)

Fotos e textos enviados por Armando Luís de Carvalho Homem.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Fado (O) de Coimbra na Academia do Porto

Citando o dr. Armando Luís de Carvalho Homem em mais um dos seus magníficos textos, desta feita sobre o Fado de Coimbra na Academia do Porto.

É um texto longo, mas tamanho trabalho e pormenorização não pediam menos, e certamente temos todos muito a aprender com ele.

Em época que nos perdemos em (re)definições de coisas que não carecem (minimamente!) de (re)definição, estas referências e trabalho são (acima de tudo) de louvar e extremamente necessárias.

Temos todos muito a ganhar.

Em jeito de sinopse:

  "Não é coisa rara ver associada a prática do Canto e da Guitarra de Coimbra no seio da Academia portuense exclusivamente ao mais antigo dos Organismos estudantis: o Orfeão Universitário do Porto (OUP; fundado como Orfeão Académico do Porto em 1912; existente com muitas soluções de continuidade até aos anos 30; tentativas de reorganização a partir de 1937, com a designação transitória de Orfeão Académico da Universidade do Porto; reorganização ‘definitiva’ em 1942, ano a que também remonta a actual designação; de 1937 a 1967 teve como regente o maestro Afonso Valentim [da Costa Pinto, 1897-1974]). Que este, pela sua longa existência, pelo facto de dispor, quase sempre, de um grupo de fados, tem um lugar importante nesta sucessão de estórias é um facto; lugar importante: disse e repito; mas de modo algum lugar único.

   Datar a origem do processo é algo que só uma pesquisa aturada (nos matutinos da Cidade, numa publicação como O Porto Académico [anos 30/40/ 50], nos fundos da Biblioteca Pública Municipal [BPMP] que incluam programas de espectáculos, no que possa existir de arquivos sonoros dos antigos Emissores do Norte Reunidos [ENR], etc.) poderá estabelecer. Mas creio que, no essencial, ele remonta aos anos 30, com pontuais antecedentes na década anterior. E ao processo não foi de modo algum estranha a ida para o Porto de estudantes de Engenharia com antecedentes em Coimbra (cursados os «Preparatórios» na Faculdade de Ciências) e que agora rumavam à Invicta a concluir a licenciatura.

   De qualquer modo, os nomes mais antigos que conheço são exteriores à Universidade: trata-se de estudantes dos então Institutos Industrial e Comercial (dos actuais Institutos Superiores de Engenharia e de Contabilidade e Administração / Instituto Politécnico do Porto), em finais dos anos 30 / princípios dos anos 40; aí referencio nomes como os dos guitarristas(...)"

   Note-se que esta apresentação do texto não dispensa (de forma alguma) a leitura integral do texto.

Serenata Monumental do Centenário da Universidade do Porto

   Faziam 00h01, desta madrugada, ouviram-se novamente os cantos do Fado e Canção de Coimbra em plena praça dos Leões, debaixo da arcada do histórico edifício da Reitoria (Faculdade de Ciências para alguns).

   Foi com enorme prazer que se comprovou, os ventos da continuidade, e da juventude, do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências, apostando num original da terceira formação, fizeram finalmente ouvir com o “Porto Feio” ao publico académico fora Ciências, na casa onde nasceu.

   O caminho está lançado, como dizia José Afonso “Venham mais cinco!”.

   Aqui: http://centenario.up.pt/ podem consultar mais informação sobre as comemorações do centenário desta nossa Universidade.

   Um bem haja a todos.

Sarau de Ciências 2010 - Feiticeira

Um dos temas interpretados no passado sarau de Ciências no teatro Sá da Bandeira.
Com o barulho que lhe é característico, o sarau de Ciências é e sempre foi um palco e uma ocasião bastante importante para o nosso grupo e a Faculdade de Ciências

Primeira Formação - Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências interpreta "Gentis damas do Porto"

Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências do Porto - Primeira Formação
Serenata do Caloiro da FCUP-1994
Fado: "Oh Gentis Damas do Porto"
Voz: Mário Vieira
Guitarras: Armando Teixeira Pinto e Pedro Pinto.
Violas: José Pedroso e Diogo Santana.

terça-feira, 22 de março de 2011

XXI Sarau Cultural de Ciências

Citando AEFCUP:
"A AEFCUP tem o prazer de anunciar o cartaz do tão esperado XXI Sarau Cultural de Ciências, mítica e tradicional actividade a realizar no magnificente Teatro Sá da Bandeira, no dia 25 de Novembro (Quinta-feira). Bilhetes à venda na secretaria da AEFCUP, por 4€ e que conta com a participação do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências, Grupo de Folclore de Ciências, Cientuna, Adega Cooperativa e Musical Recreativa Cultural Grupo de Jantares Lá Lá Pito, Javardémica e, ainda, João Dinis e os Double on Fire."



Será também a primeira actuação oficial da 4ª formação do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências.
Contamos com todos vocês!

Serenata de Recepção ao Caloiro 2010 #2

E com a despedida da 3ª Formação fica a apresentação oficial da 4ª! Com muito nervo à mistura, mas temos potencial para continuar!

Fica a força para todos, e meus caros apoiem todos estes que como nós, a 3ª formação, lutamos pelo Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências!

1ª Parte da actuação da 4ª Formação do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências.

Serenata de Recepção ao Caloiro 2010

Resumo da actuação de despedida da 3ª Formação do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências mais uma vez nas Escadas dos Guindais.

Foi um enorme prazer ter passado estes anos com todos vocês. Ter vivido as emoções de fazer parte de um magnifico grupo e acima de tudo, levar bem longe com todo o nosso empenho, o nome da nossa magnifica casa.

Até sempre amigos! Vamos andando por aí! E embora longe estaremos sempre perto!

Novo ano

Novo ano, ventos da mudança se avizinham. O Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências está a mudar. Como certamente se aperceberam durante o ano transacto, a nova geração do nosso Grupo começa a emergir.

Ano de feitos importantes, entre o espectáculo no Coliseu do Porto à nossa magnifica Noite de Fados de Ciências que todos vocês ajudaram a ser um sucesso, estamos de volta para tentar fazer tudo isto e muito mais!

Estaremos presentes na Serenata de Recepção onde iremos actuar em jeito de despedida.

Até ver, e um grande bem haja a todos.

Ângelo Correia

Pelo Grupo de Fados de Ciências, por Ciências.

Antologia do Fado de Coimbra no Coliseu do Porto

Irá realizar-se no próximo dia 26 de Junho de 2010, mais um concerto deste projecto, desta feita no coliseu do Porto.

Preços dos bilhetes:
Cadeiras de orquestra – 20.00 euros
1ª e 2ª Plateias – 15.00 euros
Tribuna – 10.00 euros
Balcão popular, galeria e Geral – 5.00 euros

Estão à venda no Coliseu.

O grupo de Fados e Guitarradas de Ciências vai lá estar. Apareçam!

Evento realizado numa casa que tanto deu ao Fado de Coimbra no Porto, enquadradado na comemoração do 99º Aniversário da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Compareçam todos! Vamos dar força a este evento para continuarmos!

Com a presença de:
- Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências UP
- Grupo de Fados de Farmácia UP
- Grupo de Fados e Guitarradas de Economia UP
- Tuna Masculina de Ciências UP
- Tuna Feminina de Ciências UP

Contamos com todos vocês!
Saudações!
Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências

Encontro de Fados Académicos

O Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências vai estar presente com a sua actuação no Encontro de Fados Académicos em Vila do Conde na freguesia de Labruge pelas 21h31.

Toda a informação AQUI.
Compareçam!
Um bem haja a todos.

Antologia do Fado de Coimbra na Casa da Música

Casa da Música a 19 de Abril de 2009.

Espectáculo inserido no projecto Antologia do Fado de Coimbra que tivemos o prazer de participar.

Fica o "nosso" Maio de 78.

Sarau de Ciências 2007











Actuação no Teatro Sá da Bandeira, no Porto. Foi o regresso do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências ao magnifico evento que é o sarau da faculdade de Ciências.
Novembro 2007.

Fim de semana cultural no museu abade Pedrosa em St. Tirso















Recentemente o Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências teve o prazer de estar presente novamente em St. Tirso a convite do Rotaract Clube de St. Tirso. A nossa actuação esteve incluída no Fim-de-semana Cultural a 7 de Dezembro de 2007 no Museu Abade Pedrosa.

Fotografias de alguns eventos

Aniversário Grupo de Folclore FCUP
Fim de Semana Cultural

Serenata de Recepcção ao Caloiro FCUP 2007
Primeira noite de fados de Ciências

Sarau de Ciências 2007

Temas originais - Porto Feio

Tema original da terceira formação do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências.

Porto Feio
Adeus, minha linda cidade,
Hoje é dia de partir,
Tantos anos que passaram,
Sem te puder sentir!

Refrão:
Porto feio de saudade,
Quero ver-te a sorrir!
Para toda a eternidade,
Não te deixo fugir!

Amores que em ti vivi,
Hoje sinto-me a chorar,
Levo no meu Coração,
A vontade de te amar!

Refrão.

Música: Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências
Letra: Ângelo Correia

Temas originais - Solidão

Um dos temas originais da primeira formação do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências.

Temas esses que passaram pelas várias gerações do Grupo de Fados e Guitarradas da Faculdade de Ciências da UP, sendo alguns deles interpretados ainda pela actual formação.

Solidão
Vento traz-me o perfume
Da minha flor amada,
Que eu estou longe e sofro
Sufocado na mágoa.

Quero ser uma gota
Da água que vai no rio.
Navegar sem regresso,
Naufragando contigo.

Letra & Música: António Morais

Temas originais - Fado da Confissão

Um dos temas originais da primeira formação do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências.

Temas esses que passaram pelas várias gerações do Grupo de Fados e Guitarradas da Faculdade de Ciências da UP, sendo alguns deles interpretados ainda pela actual formação.

Fado da Confissão
Os teus olhos confessaram
Quanto me querias, meu bem.
Mas, tua boca traída,
Dizia não querer ninguém.

Não há mentira que engane
A verdade do olhar.
Nem há maldade que impeça
A tua boca beijar.

Letra : Armando Teixeira Pinto
Música: Grupo de Fados de Ciências

Temas originais - Balada de Despedida de Ciências 1995

Um dos temas originais da primeira formação do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências.

Temas esses que passaram pelas várias gerações do Grupo de Fados e Guitarradas da Faculdade de Ciências da UP, sendo alguns deles interpretados ainda pela actual formação.

Balada de Despedida de Ciências 1995
Um lindo sonho de amor,
Tive contigo ao luar;
e acordo num pranto de dor
Junto à Fonte a chorar.

Refrão
Adeus querida Faculdade,
Como pudeste deixar-me partir.
A vida parece ruir,
Com a dor que deixa a Saudade

E a Fonte chora por mim,
Esse meu sonho acabado.
Parto sozinho, assim.
Levo comigo este Fado.

Refrão
Letra : Armando Teixeira Pinto
Música: Grupo de Fados de Ciências

Temas originais - Fado de Despedida de Ciências de 94

Um dos temas originais da primeira formação do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências.

Temas esses que passaram pelas várias gerações do Grupo de Fados e Guitarradas da Faculdade de Ciências da UP, sendo alguns deles interpretados ainda pela actual formação.

Fado de Despedida de Ciências de 94
Um ano foi uma hora,
Um dia foi um segundo.
Breves momentos que agora,
São poeiras neste mundo

Todo este tempo passou
Por mim num só instante.
Mas se à Morte a Vida dou
Guardo a alma de Estudante.

Mas se à Morte a Vida dou
Guardo a alma de Estudante.

Letra e Música: Rui Leite

Temas originais - Fado amargo

Um dos temas originais da primeira formação do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências.

Temas esses que passaram pelas várias gerações do Grupo de Fados e Guitarradas da Faculdade de Ciências da UP, sendo alguns deles interpretados ainda pela actual formação.

Fado Amargo
Adeus doce Donzela…
Se a noite é bela, triste é o luar
Que alumia as chagas da minha capa,
Que são as mágoas de ainda te amar.

Tu que partiste, doce Donzela,
Porque deixaste teu sorriso de mel?
Que é o doce, amargo veneno,
Em que adormeço num leito de fel.

Letra e Música: Diogo de Magalhães Santana

CD “Tempos de Saudade”

Editado em 1997, pela primeira formação do grupo de Fados e Guitarradas da Faculdade da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Temas:
  1. Terra Franca (indicativo, original)
  2. Aquela moça da aldeia
  3. Saudade
  4. Último Fado
  5. Fado das Andorinhas
  6. Variações em Ré menor
  7. Amores de Estudante
  8. Fado da Sugestão
  9. O Meu Desejo
  10. O Meu Fado
  11. Danças Portuguesas nº2
  12. Fado da Confissão
  13. Rio de Saudade
  14. Fado de Despedida de Ciências de 1994
  15. Fado Sem Esperança
  16. Para que quero eu olhos
  17. Balada de Despedida de Ciências de 1995

Quarta formação

E chegamos ao ano de 2010, quando na Serenata de Recepção ao Caloiro de Ciências nas Escadas dos Guindais, apresentamos a quarta (e actual) formação do Grupo, a eles o futuro pertence. E seguir as passadas do nome de todos aqueles que deram vida ao Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências.

Assim sendo, conta actualmente com os seguintes elementos:
Vozes: Sérgio Ribeiro, David Gomes, Frederico
Guitarra Portuguesa: Nuno Gonçalo, Miguel Santos
Violas: Pedro Travassos, Rui Sousa, Pedro João
Violino: David Gomes

Terceira formação

Após longo tempo sem se ouvir o Fado de Coimbra na Faculdade de Ciências, um pequeno grupo
resolveu trazer de volta a sonoridade que tanto fez parte da nossa casa e do Porto.

Seguindo sempre o caminho da inovação e do marco próprio que sempre caracterizou o Grupo, surge em 2006 a terceira formação do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências.

Contou com vários colaboradores ao longo dos anos, entre os quais de salientar os que se seguem:

Vozes: Carlos Miranda, Marco Santos, Claúdio Amaral
Guitarra Portuguesa: Ângelo Correia, Henrique Gonçalves, Hilberto Silva
Violas: Henrique Cachetas, Sérgio Ribeiro
Violino: Jorge Domingues

Terminando com: Carlos Miranda, Ângelo Correia, Sérgio Ribeiro e Jorge Domingues

Segunda formação

Dando seguimento ao trabalho desenvolvido pelos fundadores do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências, surge em 1997, a segunda formação.

Contou com os seguintes elementos:
Vozes: Rodrigo Martins, Jaime Viegas
Guitarras Portuguesas: Tiago Caxias.
Violas: Bruno Oliveira, Pedro Rodrigues,

Primeira formação

Desde 1993 a encantar “esses Corações das Donzelas do Porto que continuam a palpitar nas Serenatas que lhes são dedicadas”, assim se pode resumir em parte o grande historial do grupo de fados, e guitarradas da Faculdade de Ciências do Porto. Escola de grandes, guitarristas, cantores ou simplesmente pessoas que gostam do fado de Coimbra todos eles sempre estiveram sempre para espalhar tudo aquilo que que nos oferece o Fado de Coimbra.

E assim começou o Grupo de Fados e Guitarradas da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto em 1993 com os seguintes elementos:

Vozes: Rui Leite, Mário Vieira, Pedro Eira.
Guitarras Portuguesas: Pedro Pinto, Armando Teixeira Pinto, António Morais.
Violas: José Pedroso, Diogo de Magalhães Santana.

Texto incluído no folheto do CD Tempos de Saudade do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências da U.P.

A respeito da primeira formação do Grupo de Fados e Guitarradas de Ciências e um pouco da história do Fado de Coimbra na cidade do Porto.

“As serenatas faziam-se às 2 e 3 da manhã, quando a cidade estava no primeiro sono! Mas toda a gente gostava, ao ouvir o Carlos Leal, e ao ver o grupo de capas e batinas que silenciosamente desprendiam os acordes sentimentais das suas guitarras”. Coimbra? Não. Carlos Leal foi estudante da Faculdade de Medicina do Porto nos anos 20, altura em que gravou alguns discos… de Fado de Coimbra.

Mas não é o Fado de Coimbra, como o nome indica, um género musical exclusivo dos estudantes de Coimbra, ainda que por vezes cantado (adulterado) por alguns cançonetistas com objectivos puramente comerciais? Sem entrar pela (terrível) questão das origens do Fado de Coimbra, é necessário referir que pelo menos desde os anos 90 do século XIX ele terá tido expressão junto dos estudantes do Porto.

É indiscutível que pelo menos a partir de Hilário os fados de Coimbra ganharam projecção nacional, nomeadamente através da circulação comercial de pautas com adaptações para piano (toda a família burguesa devia ter um piano em casa). E não se deve esquecer a importância da mobilidade dos estudantes entre as diversas localidades, quer em excursões, quer transferindo-se de instituição, quer em férias na sua cidade natal onde transmitiria aos alunos do liceu local as “modas” do ensino superior.

Assim, escrevia em 1904 Alberto Pimentel: “Em algumas localidades há Fados escolares de classe, como por exemplo o Fado dos estudantes açorianos [...]. Noutras localidades, principalmente em Coimbra, cada estudante dá largas ao lirismo individual em quadras de Fado, que vão passando de guitarra em guitarra até se generalizarem na classe e depois no país”.

Por razões semelhantes, desde há algum tempo que outras tradições académicas coimbrãs se iam implantando em diversas “academias” (liceais fora de Lisboa, Porto e Coimbra) por esse país fora. Em 1889, pela primeira vez estudantes do Porto tinham usado Capa e Batina.

E foi de Capa e Batina que a Tuna Académica do Porto foi a Compostela em 1897, onde “apesar da chuva e do mau tempo, fizeram-se serenatas; e, debaixo de certas janelas, cantaram-se deliciosos fados”. Como foi de Capa e Batina que a Tuna voltou a Santiago em 1909, com Manassés de Lacerda fazendo enorme sucesso com o seu fado (Manassés ficou célebre a cantar Fado em Coimbra em 1900-04, como aluno do Liceu; mudou-se depois para o Porto, onde gravou ainda antes de 1911 vários discos de grafonola).

Desde então não mais deixaram os estudantes do Porto de cultivar o Fado de Coimbra, quer nas serenatas, como as referidas acima, quer nos inevitáveis “Fados e Guitarradas” dos saraus académicos (donde, devido aos saraus do Orfeão Universitário do Porto, surgiria aí uma estrutura fixa, importantíssima, o Grupo de Fados do O.U.P.), quer a partir de 1960 nas Serenatas Monumentais da Queima das Fitas.

Seria fantasiar afirmar que o Fado de Coimbra é igualmente do Porto: o meio portuense do Fado de Coimbra sempre foi muito mais pequeno e “muito mais intérprete que criador”, nunca tendo dado grandes contributos para a sua evolução.

Mas será estranho que num meio estudantil que, mesmo não tendo o Choupal, o Penedo ou a Torre da Cabra, fazia seu o imaginário académico aprendido nas páginas do Mata-Carochas ou do Pad’Zé; nas histórias contadas pelos colegas que de Coimbra para cá vinham; ou nas vivências próprias que ia tendo pelo Porto, o Fado de Coimbra tivesse grande adesão, cantando esse mesmo imaginário, o Amor (senão pelas “tricanas”, pelas “gentis damas do Porto”) e por fim a saudade de ser estudante?

É nesta tradição que se insere este grupo: não se trata de pessoas que se interessam pelo Fado de Coimbra como se poderiam interessar por outro género musical qualquer; trata-se de académicos que viveram e vivem intensamente a Universidade e todas as suas tradições (ouça-se o Fado e a Balada de Despedida aqui gravados!).

Mas trata-se também de um grupo que alia ao aspecto académico a qualidade musical (ouça-se o disco todo!), ao que não é alheia a excepcional qualidade do seu “Mestre”, Paulo Soares, que aqui há uns anos reeditou a tradição, que vem pelo menos do Manassés, de periodicamente por cá aportarem combrãos, para (r)estabelecerem as comunicações.

No entanto, há também um “tradição” que não cumprem, e ainda bem: é que esta é, tanto quanto sabemos, a gravação portuense de Fados de Coimbra com maior número de originais!

Por estas razões, este é não só um documento de um grande grupo, como um contributo importante para os “Fados e Guitarradas” no Porto, e merece um pujante

FRA!"

João Caramalho Domingues